Oportunismo e confusão cristalizada
O golpe militar no Egito e a posição escandalosa
do PSTU / LIT
Por
Rodolfo Kaleb, outubro de 2013
As
posições tomadas pela Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) e pelo seu
partido principal, o PSTU brasileiro, diante dos últimos acontecimentos da luta
de classes no Egito são marcadas por incoerências e graves desvios em relação
ao marxismo – indo de posições politicamente oportunistas até a negação de fatos
concretos. O que não tem sido inconsistente, entretanto, é o oportunismo
característico das correntes morenistas ao longo de sua história em cada canto
do mundo – desde encarar policiais brasileiros como trabalhadores até semear ilusões
no exército burguês egípcio, pode-se facilmente ver muitos paralelos entre aquelas
políticas do PSTU praticadas em casa com as que propõe internacionalmente.
Os
eventos no Egito são de conhecimento geral e estamparam todos os noticiários,
de forma que não precisamos nos alongar sobre seus detalhes. A queda de Mubarak
e a eleição de Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana, em junho de
2012 não foram fruto da destruição do regime ditatorial anterior, mas de uma
transição controlada cuja intenção era acalmar as massas, que não alterou os
pilares que sustentaram por tanto tempo a ditadura. Isso explica em parte a
insatisfação crescente com o governo de Morsi, pois ele não foi capaz de
corresponder a diversos anseios que mobilizaram aqueles que lutaram pela queda
do regime que o precedeu. A isso se somou ainda a sua própria política, marcada
por contínuos ataques à classe trabalhadora, pela corrosão dos salários por uma
galopante inflação, pela repressão a opositores políticos e por tentativas de
implementação da Sharia (conjunto de leis derivadas de interpretações do Islã).
A crescente insatisfação levou dezenas de milhões às ruas em protesto,
inclusive com a deflagração de diversas greves operárias ao longo de todo o seu
governo.
Frente
à incapacidade do governo da Irmandade Muçulmana em manter a ordem burguesa no
país, e para evitar que ele pudesse ser retirado do poder pelas massas egípcias, a cúpula
do Exército (que não foi removida do comando em 2012 e havia concordado a
contragosto com um governo civil) derrubou Morsi através de um golpe. Assim, as
lideranças do aparato repressivo do Estado deram fim à breve (e limitada)
experiência democrático-burguesa. Algumas semanas depois do golpe essas
lideranças iniciaram uma brutal repressão policial contra militantes de várias
organizações opositoras, sobretudo o partido do ex-presidente, assassinando
centenas e prendendo tantos outros.
Mas
essa interpretação aparentemente óbvia do ocorrido não foi unanimidade dentro
da esquerda. O motivo foi que uma grande confusão se produziu entre alguns
partidos e organizações pelo fato da ação do Exército ter recebido amplo apoio
popular em um primeiro momento, com as massas que haviam tomado as ruas tendo
não só chamado por uma intervenção militar, mas comemorado o atendimento de seu
chamado. Vejamos como a LIT/PSTU analisou cada momento desse processo.
Antes
de tudo, o PSTU encarou a queda de Morsi pelas mãos da cúpula do Exército como
uma grande “vitória”. O título de um de seus primeiros artigos após a
destituição proclamou: “Morsi caiu!
Grande vitória da mobilização do povo egípcio!”. Aqui está a primeira
grande confusão propagada pelo PSTU:
“Estamos
diante de uma imensa vitória das massas, que a entendem e a festejam como tal
nas ruas e praças de todo o país.”
“É uma vitória
porque o elemento determinante da derrota de Morsi foi a colossal mobilização
das massas. Com este fato, o regime militar, embora não destruído, sai
claramente debilitado, à medida que os militares viram-se obrigados a
sacrificar outro governo servil a seus interesses, primeiro o de Mubarak e
agora o de Morsi...”.
― “Morsi caiu! Grande vitória da
mobilização do povo egípcio!”,
4 de julho de 2013. Disponível em: http://www.pstu.org.br/node/19547
Nessa
declaração o PSTU faz parecer que a derrubada de Morsi foi uma ação dos
trabalhadores, ou melhor, das “massas”. Essas “massas”, para as quais o PSTU
não fornece nenhuma caracterização de classe, de programa político e de liderança,
teriam debilitado o Exército, supostamente enfraquecido pela troca de governo.
Enquanto
a manifestação do dia 3 de julho (uma das maiores da história e que carecia precisamente de
consciência de classe entre os trabalhadores) foi de fato uma poderosa demonstração
de força que colocou os militares em um impasse, a substituição de governo que estes
realizaram (a “queda de Morsi”) não poderia ter sido classificada enquanto
nenhum tipo de “vitória”. Foi fruto de uma jogada dos militares, como o PSTU
não pôde negar. Mas afinal, que conquista ou garantia tal manobra trouxe para
os trabalhadores egípcios? O PSTU separa a “queda de Morsi” (que seria uma
“vitória”) das forças que de fato o substituíram – a cúpula dos generais do Exército
burguês, que se antecipou para evitar uma saída que pudesse colocar em risco
as estruturas do Estado. Não apresenta, assim, nenhum elemento concreto que
confirme que o golpe militar trouxe benefícios para os trabalhadores e
oprimidos em geral.
O
próprio PSTU reconheceu, principalmente quando começou a repressão, o quão
desastrosa para os trabalhadores havia sido a manobra bem sucedida do Exército:
“Ao jogar
esta cartada, puderam se apresentar e ser vistos por amplos setores de massas
como ‘amigos’ e ‘guardiões’ das aspirações do povo.”
...
“Infelizmente, conseguiram usurpar a vitória das massas, para
manter o controle do processo posterior a Morsi e poder arbitrar a conformação
do novo governo. Pela falta de uma direção revolucionária com peso de massas, o
povo terminou confiando na saída que o Exército ofereceu para aplacar a
mobilização popular.”
― “Egito: Nenhuma confiança no novo governo fantoche dos
militares e do imperialismo!”, 26 de julho de 2013. Disponível em:
“O Exército,
apoiando-se no grande prestígio obtido com a população, por haver derrotado
Morsi, e no ódio desta contra a Irmandade Muçulmana, começou a desatar uma
repressão desenfreada e completamente desproporcional contra os militantes da
Irmandade.”
― “Os
militares não atacam só a reacionária Irmandade Muçulmana, mas todo o povo”, 20 de agosto de 2013. Disponível em: http://www.pstu.org.br/node/19932
Nessas
outras declarações, produzidas bem depois do golpe, o PSTU já reconhece de
forma mais clara que Morsi foi derrubado não pelas massas, mas sim pelos
dirigentes do Exército, e que estes agiram com o intuito de formar um novo
governo que desse conta de melhor reprimir as mobilizações, “usurpando” assim
o suposto protagonismo popular na derrubada de Morsi, mas contando com a confiança e
apoio inicial das massas.
Iludido
por esse apoio popular, o PSTU disse desde o início (e insiste até hoje) que se
tratou de uma “vitória”. Diferentemente, marxistas devem buscar entender os
motivos que levaram as massas a confiarem na cúpula do Exército burguês, dando
passagem para que esta assumisse o poder e reprimisse as mobilizações. No lugar de reproduzir as ilusões populares, devemos
ter clareza de que o banho de sangue ocorrido no Egito foi fruto da ausência de
um partido operário revolucionário, que pudesse se colocar enquanto uma
alternativa para a classe trabalhadora e as massas oprimidas e liderá-las no
caminho de destruição do Estado burguês – ao invés do caminho da confiança
naqueles que são justamente os maiores protetores desse Estado e do sistema
capitalista no qual ele se assenta e o qual ajuda a reproduzir.
Mesmo após a brutal repressão desencadeada contra os partidários de Morsi, o PSTU não fez um balanço sério de sua posição [barenakedislam.com] |
Assim, a pergunta
fundamental que deve ser feita é: a queda de Morsi foi uma vitória das massas
que enfraqueceu o Exército e o Estado burguês, ou uma manobra do Exército para
“desatar a repressão” e preservar tal Estado? Para o PSTU foram as duas coisas
ao mesmo tempo, algo impossível na prática. A repressão “desproporcional”
(haveria uma repressão “proporcional” que se justificasse?) foi a única
“conquista” da “vitória” aclamada pelo PSTU. Justamente porque o facínora Morsi
foi derrubado pelos seus padrinhos militares, que queriam uma repressão mais
aberta, nada além disso poderia ter sido esperado. Era necessário ter alertado
as massas egípcias do perigo mortal que as esperava, e chama-las a organizar
uma resistência proletária baseada em autodefesas e greves, capaz de garantir a
integridade de suas forças.
O PSTU
fez o canto da sereia. Antes de a violência começar de forma desenfreada, disse
que os militares destituírem seu fantoche era uma “concessão democrática” do Exército
e não uma maneira de acentuar a repressão:
“Um dos
fatores, o mais imediato, é que, como se sabe, frente às grandes mobilizações
que derrubaram Mubarak e Morsi, em vez de reprimir e orquestrar um banho de
sangue, como se espera de um regime militar contrarrevolucionário, os militares
se viram obrigados a se reacomodar e a fazer concessões democráticas, ao ponto
de destituir seus dois últimos governos.”
― “Egito: Nenhuma confiança no novo governo fantoche dos
militares e do imperialismo!”, 26 de julho de 2013.
Aliás,
fez pior: afirmou, no mesmo texto, que o Exército da burguesia estaria
satisfazendo as aspirações populares:
“Quando
os militares, frente à mobilização das massas, deram um ultimato a Morsi e lhe
anunciaram que se em 48 horas não cumprisse com as reivindicações do povo iriam
derrubá-lo, a posição dos revolucionários e sua localização não podia mudar,
porque o ‘golpe’ dos militares não significava um retrocesso, como seria se
envolvesse a mudança de um regime democrático-burguês para uma ditadura. Nesse
caso, tratava-se de um ‘golpe’ nos marcos do mesmo regime militar e ainda que o
Exército estivesse derrubando o governo pela força, estava satisfazendo a
principal reivindicação do movimento de massas naquele momento: derrubar
Morsi.”
Na cabeça
dos dirigentes do PSTU, não importa a maneira como é derrubado um governo, desde
que tenha apoio popular (mesmo que apenas inicial) essa derrubada seria
progressiva e boa. Confunde completamente uma derrubada progressista de Morsi com uma queda arquitetada pelo Exército
burguês para atacar todos os setores em luta. Na lógica objetivista segundo a qual a queda de Morsi (seja qual for a sua dinâmica e seus sujeitos) é
necessariamente uma vitória, o PSTU confunde revolução com reação. Ele
deixou nua essa lógica ao tentar “explicar” a sua contradição:
“Para a
LIT-CI, como temos afirmado em outras declarações, este é verdadeiro conteúdo dos
fatos e do processo como um todo. É muito importante ter isto em mente, pois é
natural que existam dúvidas e confusões, sobretudo a partir da forma como
ocorreu a deposição final de Morsi: um golpe do Exército.” (ênfases
no original).
“A
intervenção militar que, no meio das mobilizações, concretizou a destituição de
Morsi, embora seja a contradição e não a essência do processo, não é um
elemento de menor importância, pois a partir dele se instalou um novo governo
no Egito. E, consequentemente, entrou em ação todo um novo plano político,
orquestrado pelos militares, que mantém o mesmo objetivo das classes dominantes
e do imperialismo desde a queda de Mubarak: derrotar a revolução.”
“Mas o
fato primeiro e mais importante é que, independentemente da forma,
a queda de Morsi (como a de Mubarak) é uma enorme vitória revolucionária das
massas egípcias, que com sua ação enfraquecem os militares e também o
imperialismo norte-americano, que sustenta esse regime há mais de 30 anos.”
(ênfase nossa).
Em outras palavras, apesar de ter sido “orquestrado
pelos militares” para “derrotar a revolução”, essa queda de Morsi foi (pasmem!)
uma “enorme vitória revolucionária” que “enfraquece os militares e o
imperialismo”. Seria difícil ser mais confuso. O cerne aqui é que para o PSTU,
toda a dinâmica concreta da queda do ex-presidente da Irmandade Muçulmana não
faz parte da “essência”. Seria um fator secundário, já que a “essência” (por
quais motivos?) foi de uma “vitória”, “independentemente da forma” que tenha
tomado.
Essa lógica não é nova. É a mesma que os dirigentes morenistas
adotaram na Líbia em 2011, quando um Exército rebelde (dirigido pela burguesia,
apoiado e armado pelo imperialismo) derrubou o ditador Kadafi. Foi uma
“vitória”, independentemente do fato concreto de que foi comandada e dirigida
pelos imperialistas. Isso não é marxismo, e sim um “otimismo” estúpido e
objetivista que ignora a realidade para saudar a queda de um governo burguês
qualquer que tenha sido a dinâmica do processo. Se o PSTU estivesse no Egito,
só teria servido para confundir os trabalhadores, ao dizer que uma “vitória”
havia conquistado uma “concessão democrática” do Exército, e que este estava
satisfazendo uma demanda do povo. Em poucos dias as massas egípcias pagariam de
forma amarga por tais ilusões açucaradas.
No decorrer da repressão do Exército, o PSTU
desenvolveu outra posição que faz arrepiar os cabelos. Depois de misturar os
interesses do Exército com os interesses da classe trabalhadora na “queda de
Morsi”, também cumpriu o papel de legitimar a repressão contra a Irmandade
Muçulmana. Que a Irmandade Muçulmana é uma organização reacionária em
praticamente todos os sentidos é inquestionável, assim como também é
inquestionável que os revolucionários devem rechaçar todo e qualquer interesse
desse partido em fazer voltar o governo de Morsi. O golpe deve ser combatido
com um programa proletário, que aponte a necessidade de um governo direto dos
trabalhadores para acabar com a exploração e a opressão da burguesia. Mas os
revolucionários tem um interesse ativo em impedir os ataques do Exército
burguês contra as manifestações de rua e outras lutas, inclusive as da
Irmandade Muçulmana, pois uma vez que a repressão contra tal organização seja
legitimada pelas massas, cria-se legitimidade para que ela seja aplicada a um
leque cada vez maior de grupos opositores – incluindo possíveis revolucionários.
O PSTU diz concordar com isso:
“No
entanto, o fato de que estejamos contra as manifestações da Irmandade
Muçulmana, não significa que vamos respaldar qualquer medida repressiva do Exército
ou da polícia, pois suas medidas obedecem aos interesses de seus comandantes e
não há porque confiar neles.”
― “Os
militares não atacam só a reacionária Irmandade Muçulmana, mas todo o povo”, 20 de agosto de 2013.
Mas logo em seguida se contradiz. Sem nunca explicar
como tamanha repressão pôde ter sido uma consequência direta da “vitória” que
proclamou, o PSTU é contra defender ativamente os direitos de
manifestação e expressão da Irmandade contra o terror policial. Deixa claro que acha
positiva a repressão de direitos da Irmandade Muçulmana, mesmo sabendo que essa
repressão é feita pelas mãos do Exército:
“Enquanto
a Irmandade continuar chamando seus partidários a sair às ruas para retomar o
poder, isto é, a ir na contramão da ação da ampla maioria do povo e da
conquista que representa ter derrubado Morsi, não estamos a favor de defender
seus direitos de expressão nem de manifestação.”
― Idem.
Para defender a “conquista” que teria sido a
derrubada de Morsi pelos militares, que afinal teriam cumprido a “vontade do
povo”, o PSTU é levado a apoiar pelo menos algumas das medidas repressivas do Exército
contra a Irmandade. Longe de qualquer simpatia política pelos reacionários
islâmicos e mantendo um combate político contra eles, os revolucionários
defendem as organizações e partidos reprimidos pelo governo militar, inclusive
seu direito de manifestação e expressão. Fazer isso não implica apoiar a volta
de Morsi e nem o programa político da Irmandade Muçulmana, mas simplesmente se
colocar, de fato, em oposição à reação militarista – e deixar claro que, se
alguma força deve derrotar os reacionários fundamentalistas da Irmandade
Muçulmana, esta é o proletariado organizado em torno de um programa
revolucionário.
Em suma, o
PSTU não defende consistentemente sequer os direitos democráticos e cria
ilusões no Exército ao fazer confusão entre seus interesses em derrubar Morsi e
os interesses dos trabalhadores. Essas posições não estão desassociadas de uma
política de colaboração de classes. Exatamente um dia antes da queda de Morsi,
o PSTU chamava para que todos que fossem contra o presidente se unissem em sua
derrubada, inclusive setores da burguesia (como o movimento do liberal burguês de El
Baradei):
“No marco deste combate contra um regime bonapartista, é
necessário aplicar uma política de ampla unidade de ação contra o regime
militar e seus governos. Esta unidade de ação, realizada a partir da mais
completa independência política do movimento operário e das organizações
revolucionárias, deve incluir a todos os setores democráticos e opostos ao
regime militar, desde as organizações e frentes de luta jovens como Tamarod,
até os partidos patronais e a Frente Nacional de Salvação de El Baradei e Amr
Musa.”
―“Milhões tomam as ruas no Egito”, 2 de julho de
2013. Disponível em:
Ao
defender a derrubada de Morsi em conjunto com os partidos patronais, o PSTU propunha
um processo que não poderia jamais significar uma vitória contra o capitalismo
e o imperialismo. Ela tinha plena consciência disso, de que seria uma “vitória”
somente no seu esquema de “revolução democrática”.
Como
explicamos em outros materiais [1] a
estratégia morenista de “revolução democrática” pressupõe que a revolução
socialista é necessariamente precedida por uma revolução “inconscientemente
socialista” liderada por setores não-revolucionários e sem o protagonismo da
classe proletária. Ao encarar que a mudança de regime deve se dar na forma de
uma “revolução democrática”, que se transformaria quase que magicamente em
socialista, os morenistas se colocam em um campo político muito distante
daquele do trotskismo e da estratégia da revolução permanente, constituindo-se enquanto
um obstáculo à necessidade da revolução proletária para esmagar o Estado
burguês.
Pode-se
ver que não interessava para o PSTU (como ainda não interessa hoje) uma
estratégia clara de independência da classe trabalhadora, precisamente porque nunca
lhe preocupa quem dirige a derrubada do governo, ou com qual política. Isso seria
sempre um fator secundário, que não está na “essência” do processo. O PSTU pautava
a luta comum e a colaboração de todos que se opusessem ao regime e, portanto,
uma “estratégia” de colaboração de classe com setores burgueses. Esse objetivo sujo
foi alcançado, de certa forma, quando o PSTU defendeu a mesma “unidade” com o próprio
Exército na derrubada do presidente da Irmandade Muçulmana. Os resultados
sanguinários dessa “vitória” estão diante dos nossos olhos. Mesmo agora, os
morenistas da LIT criam ilusões em um futuro governo de Assembleia
Constituinte, ou seja, um governo da burguesia, ao levantarem a demanda de “Eleições
imediatas para a Assembleia Constituinte livre e soberana, sem participação de
militares e da Irmandade, para assumir o poder!”.
O PSTU exclui
de tal governo a Irmandade Muçulmana e os militares, mas não a burguesia
enquanto classe, e pede que ele “assuma o poder”. Em outros momentos, é claro,
fala que só um governo proletário resolveria a situação dos trabalhadores, que
só um partido revolucionário pode defender tais interesses, etc. Mas tais
afirmações são pura maquiagem para dar um tom “de esquerda” à política
fundamentalmente democrático-burguesa que essa corrente levanta na prática.
Fala do socialismo e da revolução proletária como fins sem nenhuma relação
concreta com a sua política imediata, que é de unidade com a burguesia para
derrubar o governo do momento, para poder falar de “vitória revolucionária”
enquanto outro governo burguês se constitui e os trabalhadores seguem sofrendo
ataques. Para os trabalhadores egípcios, a política da LIT/PSTU é um beco sem
saída.
NOTAS
[1] Para a compreensão da estratégia morenista de
“revolução democrática”, confira: A
Frente de Belém (PSOL-PSTU-PCdoB) na Lógica do Morenismo (agosto de 2012) e
O Morenismo e a Posição da CST na Síria
(outubro de 2012). Disponíveis em:
http://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2012/08/a-frente-de-belem-psolpstupcdob-na_25.htmlhttp://reagrupamento-rr.blogspot.com.br/2012/10/o-morenismo-e-posicao-da-cst-na-siria_4494.html