A Conferência de
Fundação da Quarta Internacional e sua “Resolução Sobre a Juventude”
O primeiro dos documentos a seguir foi escrito como uma introdução à Resolução Sobre
a Juventude da Quarta Internacional (1938) e foi publicado na edição Nº 17
(maio/junho de 1973) de Revolutionary Communist Youth Newsletter (RCYN),
jornal do então grupo de juventude da Liga Espartaquista dos Estados Unidos
(SL). Sua tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento
Revolucionário em julho de 2012. Logo após, publicamos a Resolução Sobre a
Juventude adotada na Conferência de Fundação da Quarta Internacional (1938)
e uma resolução adotada na Pré-Conferência da Juventude em 1936, ambas traduzidas também pelo Reagrupamento Revolucionário a partir das versões em inglês disponíveis em marxists.org.
Trotsky sempre teve plena consciência do que ele chamou de o problema de
gerações. Ele iniciou o Novo Curso
(1923), seu tiro de abertura na luta contra a degeneração burocrática da
Revolução Russa, com uma discussão da “questão das gerações do partido” e, no
documento mais importante entre as resoluções de fundação da Quarta
Internacional (QI), A Agonia Mortal do
Capitalismo e as Tarefas da Quarta Internacional: O Programa de Transição,
Trotsky apresentou o problema das gerações da seguinte forma:
“Quando se gasta um programa ou uma
organização, se gasta a geração que os carregou sobre seus ombros. A renovação do
movimento faz-se pela juventude, livre de toda responsabilidade pelo passado...
Apenas o fresco entusiasmo e o espirito ofensivo da juventude podem assegurar
os primeiros sucessos na luta; apenas esses sucessos podem fazer voltar ao
caminho da revolução os melhores elementos da velha geração.”
— [da
versão disponível em marxists.org]
Trotsky não esqueceu a lição do colapso da Segunda Internacional e da
construção da Terceira. Quando os partidos líderes da Segunda Internacional
capitularam ao chauvinismo nacional da Primeira Guerra Mundial, foram os
militantes concentrados principalmente na juventude Socialista e nos grupos de
mulheres (representando um estrato mais oprimido da classe trabalhadora do que
a aristocracia operária privilegiada – o mais influente componente dos partidos
Socialistas do Ocidente Europeu) que carregaram a bandeira do internacionalismo
contra a maré de chauvinismo. Foram esses militantes que, sob o impacto do
Outubro Russo, forneceram os preciosos quadros da nova Internacional Comunista
(IC). Com a destruição da IC enquanto um partido revolucionário mundial a
partir dos fortes ventos do fracasso da Revolução Alemã, da degeneração
burocrática da Revolução Bolchevique, da ascensão do fascismo e da iminente
renovação da guerra imperialista mundial, as tarefas de se criar uma nova
internacional foram postas na ordem do dia. Trotsky, um dos fundadores da IC
que assinou seu manifesto de fundação, se virou para a geração de jovens
trabalhadores, não amedrontados pelas derrotas e traições do passado.
Consequentemente, o manifesto de fundação da QI termina com um firme chamado
para dar “Lugar à juventude! Lugar às
mulheres trabalhadoras!”.
A seriedade com a qual os trotskistas empreenderam essa necessidade
histórica de encontrar o caminho à nova geração de revolucionários estava
evidente no fato de que – apesar da fundação da QI ter ocorrido sob as mais
difíceis condições, demandando sigilo e uma preparação cuidadosa, em um momento
em que os trotskistas tinham escassos recursos e estavam sendo caçados ao redor
do mundo pela polícia e agentes de todas as alas da burguesia, dos fascistas
aos mais “democráticos” e, com especial veemência, pela polícia secreta de
Stalin – ainda assim a Fundação de Conferência foi seguida pela “Conferência
Mundial de Juventude da Quarta
Internacional”. Ambas as Conferência ocorreram em setembro de 1938; nessa
compareceram 21 delegados representando 11 países, enquanto na Conferência de
Juventude compareceram 19 delegados representando 7 países (Polônia, Áustria,
Bélgica, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos e França). Houve uma considerável
sobreposição nas delegações e, além disso, o Birô Internacional da QI, eleito
na Conferência do partido, enviou três delegados à Conferência de Juventude.
Além de adotar a “Resolução Sobre a Juventude”, a Conferência
Mundial de Juventude endossou o Programa
de Transição e votou sua filiação como a seção oficial de juventude da QI.
Conforme
relatou Nathan Gould, o delegado de juventude dos Estados Unidos, no órgão
mensal do então revolucionário Partido dos Trabalhadores Socialistas (SWP), Socialist Appeal (22 de outubro de
1938):
“A resolução sobre as relações entre as
Internacionais jovem e a adulta aceitou a clássica concepção leninista dessas
relações. A Internacional de Juventude, que aceita a liderança revolucionária
proletária internacional de seu órgão adulto será politicamente subordinada e
organizativamente autônoma em relação à Quarta Internacional”
Gould declarou então que todas as decisões e resoluções na Conferência de
Juventude, incluindo a “Resolução Sobre a Juventude”, derivaram “das demandas e estão subordinadas às teses
sobre a Agonia Mortal do Capitalismo [O Programa de Transição]”. De fato, a
agonia mortal do capitalismo evolui com tamanha rapidez e agudez que a “questão
da juventude” logo foi substituída pela “questão militar”. As principais
preocupações da juventude da classe trabalhadora na vida civil sob o
capitalismo – a falta de trabalhos, educação e igualdade social, problemas com
os quais a “Resolução Sobre a Juventude” estava centralmente preocupada –
estavam para ser logo transcendidas enquanto a guerra imperialista dava a esses
jovens os “empregos”, a “educação” e a “igualdade social” dos quartéis. Dentro
do contexto do militarismo universal, os trotskistas se portaram com bravura
exemplar, por exemplo, construindo células revolucionárias dentro do Exército
Alemão. Mas as condições objetivas forçaram a QI a temporariamente abandonar as
tarefas colocadas pela “Resolução Sobre a Juventude” e a luta por uma
internacional trotskista de juventude.
Ascensão do Pablismo
Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento
trotskista, dizimado pelo fascismo e pelo stalinismo, tentou se reagrupar e
reorientar. Entretanto, a destruição de uma geração inteira de quadros
trotskistas, incluindo o próprio Trotsky, deixou a QI desarmada teoricamente e
isolada da classe trabalhadora. Os inexperientes e não testados quadros que
subiram à liderança da QI, personificada por Michel Pablo, foram passados para
trás pelos levantes pré-revolucionários do pós-guerra cujos cursos suas fracas
forças não podiam influenciar significativamente. Tais quadros foram
posteriormente desorientados pela aparente estabilização do capitalismo de um
lado, e pelo crescimento do stalinismo e da socialdemocracia de outro (confira A Gênese do
Pablismo). O pablismo significou o abandono da luta
pela construção de partidos trotskistas independentes e a liquidação dos
quadros trotskistas dentro das já existentes formações stalinistas e socialdemocratas
que eram vistas como destinadas a desempenhar um papel revolucionário sob o
impacto do “processo objetivo”. O corolário para a juventude trotskista era a
ordem de que ela deveria se enterrar nos grupos de juventude stalinistas e
socialdemocratas e esperar pelo “processo objetivo” se desdobrar.
Assim, a “Resolução Sobre a Juventude” e as perspectivas para uma
internacional trotskista de juventude foram abandonadas quando a QI sucumbiu ao
pablismo. Apesar de muitas das demandas e consignas específicas da “Resolução Sobre a Juventude” estarem obviamente desatualizadas,
a resolução apresenta muito mais do que um interesse histórico. O documento,
especialmente na seção XIV, intitulada “O Programa Revolucionário”, é uma
valiosa reafirmação do critério programático que governou o trabalho na
juventude conforme Lenin, Trotsky e a IC e QI dos primórdios o concebiam. Tal
reafirmação é de particular importância hoje em dia, quando tantas tendências
políticas afirmando serem trotskistas apresentam as mais elementares confusões
sobre essa questão. A IC e a Internacional Comunista da Juventude dos
primórdios, e a Conferência de Fundação da QI e sua correspondente Conferência
de Juventude eram explicitamente insistentes de que o grupo de juventude
Leninista-Trotskista deveria ser uma seção do partido de vanguarda que
materializa a continuidade, a liderança politicamente testada e a clareza
programática desenvolvida do movimento revolucionário. O programa da seção de
juventude deve ser desenvolvido dentro do quadro do programa do partido,
conforme a “Resolução Sobre a Juventude” afirma: “É no quadro do programa de transição da Quarta Internacional que o
presente programa deve ser desenvolvido e aplicado.”. “Juventude” não é uma
classe, não há “programa da juventude” como tal. O programa que se dirige às
necessidades objetivas e à opressão especial da juventude é parte e parcela do
programa pelo poder proletário. “A luta
por essas demandas não podem ser separadas da luta pelas demandas dos
trabalhadores como um todo, tanto empregados quanto desempregados.”.
Vanguardismo Jovem: SWP e WL
Todos os diversos pretendentes à bandeira do
trotskismo rejeitam a abordagem de classe de Trotsky sobre a questão da
juventude – nomeadamente, que esta questão de opressão e necessidades especiais
da juventude deve ser subordinada e integrada ao programa revolucionário da
classe trabalhadora, o Programa de
Transição. O pablismo moderno, materializado em organizações como o SWP
[Partido dos Trabalhadores Socialistas dos Estados Unidos], o Grupo Marxista
Internacional na Inglaterra, a Liga Comunista na França e personificado por
“teóricos” como Ernest Mandel e “ativistas” como Tariq Ali [seções e membros do
Secretariado Unificado], depois de anos de auto-internação em organizações
reformistas, recuaram de seu entrismo e tentaram, de diversas maneiras
próprias, pular no trem da “radicalização internacional da juventude”. Partindo
da ideia de que nós vivemos não na era da decadência imperialista, mas na era
do “neocapitalismo”, isto é, das crises capitalistas estabilizadas pela
intervenção estatal na economia (expansão da dívida, por exemplo), eles chegam
à conclusão de que, consequentemente, o “epicentro” da revolução mundial se
deslocou dos países industriais para os coloniais, ou da classe trabalhadora
industrial para “setores” mais periféricos da força de trabalho, como os
trabalhadores engravatados e os “aprendizes” engravatados (isto é, os
estudantes). Eles enxergam a classe trabalhadora industrial como perdidamente
burocratizada e aburguesada, atingível apenas através das “periferias” na
guerra de guerrilhas nos países coloniais e pelo vanguardismo jovem e
pequeno-burguês nos países industriais. O SWP ultrapassou o pablismo ao adotar
uma ideologia não-proletária. Ele levantou a consigna de “autonomia cultural”
dos Austro-Marxistas e a aplicou ao presente, fazendo com que cada “setor”
oprimido da população se “autodetermine” de forma independente, rumo àquele
paraíso de pura liberdade que, obviamente, é alcançável apenas no conforto
dourado do campus de faculdade. Cada “setor” da sociedade (estudantes, negros,
chicanos [imigrantes mexicanos], mulheres e, sim, até mesmo a classe
trabalhadora) recebe dos revisionistas seu próprio programa “transitório”.
Se afastando do trotskismo e da revolução
proletária por outra estrada, uma estrada aparentada com o stalinismo do
“terceiro período”, está a Liga Trabalhista Socialista [SLL britânica, seção
líder do Comitê Internacional], sua gangue nos EUA, a Liga dos Trabalhadores
[WL], e seus correspondentes grupos de juventude, ambos chamados de “Jovem
Socialista”. Partindo de uma perspectiva radical – de que as forças produtivas
do capitalismo já não podem se desenvolver e, consequentemente, o capitalismo
já não é mais capaz de garantir reformas de longa duração – eles tiram uma
conclusão reformista, isto é, de que
a luta por tais reformas é intrinsicamente revolucionária. Na verdade, isso não
passa de socialdemocracia invertida – que o socialismo só pode ser conquistado
através de lutas graduais por reformas. O Programa
de Transição, por outro lado, levanta demandas que derivam das reais
necessidades objetivas do proletariado, mas também prepara e mobiliza os
trabalhadores para a luta revolucionária pelo poder proletário.
A forma como a WL trata a questão da juventude
é completamente oportunista: ignorando a composição socialmente heterogênea da
juventude, a WL convoca os jovens (toda a juventude) a pressionar os burocratas
sindicais a construírem um partido operário, e apresenta demandas transitórias
para juventude, enquanto uma massa indiferenciada, levar adiante. A linha da WL
materializa o vanguardismo jovem sem perspectiva de classe. A ironia das
constantes exortações da WL aos “jovens” para que construam um partido
operário, criem greves gerais, etc., é que na propaganda da WL para a classe
trabalhadora, ela constantemente “esquece” de mencionar o partido operário, bem como
outras demandas transitórias centrais, como a nacionalização da indústria sob o
controle dos trabalhadores. Seu grupo de juventude, além disso, não possui vida
política, sendo uma colateral manipulada pela WL.
A Juventude Comunista Revolucionária [RCY], enquanto a seção de
juventude da Liga Espartaquista, dá continuidade às tradições da IC e da QI dos
primórdios, às tradições de Lenin e Trotsky, de que a seção de juventude deve
ser programaticamente ligada e unida ao partido de vanguarda (“politicamente
subordinada e organizativamente autônoma”), de que as demandas especiais que
lidam com os problemas da juventude devem derivar do Programa de Transição e devem ligar as lutas dos jovens à luta pelo
poder proletário.
— Comitê Editorial da RCYN
Resolução
Sobre a Juventude
O Impasse Capitalista
I) O capitalismo, seja ele autoritário ou liberal, não
admite a capacidade de trazer o mínimo alívio para a miséria e o sofrimento da
juventude da classe trabalhadora. Os jovens
querem um emprego, e quando (muito raramente!) ele consente em dar-lhes um,
é apenas para acorrenta-los melhor a uma máquina que amanhã irá parar de
funcionar e os deixará morrendo de fome ao lado das riquezas que eles próprios
produziram. Os jovens querem trabalhar,
querem produzir com suas próprias mãos, querem usar suas forças, e o
capitalismo lhes oferece a perspectiva do desemprego ou da “execução de
trabalho em condições distintas das condições normais de produção”, de acordo
com a definição excelentemente hipócrita da Liga das Nações [1] para os campos de trabalho, ou da
produção de armamento, que engendra a destruição ao invés do melhoramento. Os jovens querem aprender, mas o caminho
à cultura está barrado para eles. Os
jovens querem viver, e o único futuro oferecido a eles é aquele da morte
por fome ou por apodrecimento no arame farpado de uma nova guerra imperialista.
Os jovens querem criar um novo mundo,
e eles são permitidos apenas a manter ou consolidar um mundo em apodrecimento
que está caindo aos pedaços. Os jovens
querem saber como o amanhã será, e a única resposta do capitalismo a eles é
“Hoje você tem que afivelar seu cinto ainda mais apertado; amanhã, nós
veremos... Em todo caso, talvez você não venha a ter um amanhã”.
Dar Um Futuro à Juventude, Dar Um Futuro ao Mundo
II) É por isso que a juventude irá marchar sob a
bandeira daqueles que a trouxerem um futuro.
Apenas a Quarta Internacional, por representar os interesses históricos da
única classe que pode organizar o mundo sobre novas bases, apenas os Bolcheviques-Leninistas [2], podem prometer aos jovens um futuro no qual eles possam usar
suas habilidades em toda sua extensão. Apenas eles podem dizer aos jovens: “Junto a vocês, nós queremos criar um novo
mundo, no qual todos trabalham e se orgulham de trabalharem bem, de conhecerem
seu trabalho até nos menores detalhes; um mundo no qual todos comerão de acordo
com sua fome, pois a produção será regulada de acordo com as necessidades dos
trabalhadores, e não do lucro; um mundo no qual é preciso aprender
constantemente, para melhor subordinar as forças da natureza à vontade do
homem; um mundo no qual, por incessantemente expandir o domínio da aplicação da
ciência, o conhecimento teórico da humanidade irá crescer diariamente; um novo
mundo, um novo homem que pode tornar realidade todas as esperanças e poderes
que traz consigo.” É sob a bandeira de um novo mundo e de uma nova
humanidade que a Quarta Internacional e suas organizações de juventude devem
marchar para conquistar a juventude da classe trabalhadora; é sob essa bandeira
que eles irão conquistar essa juventude.
A Luta Por Um Futuro, a Luta Por Pão
III) A promessa de um futuro melhor seria apenas
demagogia se os Bolchevique-Leninista não estivessem lutando por uma melhoria
imediata na situação da juventude da classe trabalhadora, se eles não
estivessem formulando as demandas imediatas da juventude, se eles não
estivessem divulgando a necessidade da juventude da classe trabalhadora de
batalhar através da luta de classes para a satisfação dessas demandas, e se,
através dessa luta e da base da experiência adquirida nela, eles não
demonstrassem para a juventude explorada que suas demandas poderiam ser
finalmente satisfeitas apenas através do estabelecimento da ditadura do
proletariado, que a luta por essas demandas precisa ser transformada em uma
luta pelo poder através de uma luta pelo controle e administração do sistema
econômico.
Nós Exigimos o Direito a Trabalhar!
IV) Para os trabalhadores
jovens envolvidos na produção, os Bolcheviques-Leninistas levantam consignas com
o objetivo de (a) medir o trabalho realizado pelos jovens, não de acordo com o
desejo de tirar deles o máximo possível de lucro, mas, ao contrário, de acordo
com o nível de desenvolvimento físico deles; (b) assegurar a eles um padrão de
vida igual ao dos adultos, assegurando assim também sua independência
econômica; (c) elevar suas qualificações técnicas o máximo possível; (d) contra
a igual oportunidade de jovens e velhos de serem explorados pelo capitalismo,
assegurando a eles direitos iguais.
Para os jovens abaixo dos vinte anos, eles também
formulam as seguintes demandas:
Redução da jornada de trabalho, com horários que
permitam aos trabalhadores jovens praticarem esportes ao ar livre;
Férias pagas de ao menos um mês por ano;
Organização, por
fábricas, ou conjunto de fábricas, de cursos de treinamento, pago pelo lucro
dos patrões e sob controle dos trabalhadores;
Horários
de treinamento profissional subtraídos da jornada de trabalho, e pago de forma regular;
Aplicação do princípio “igual salário para igual trabalho” sob controle dos trabalhadores;
Estabelecimento de um salário mínimo vital para os trabalhadores jovens; estabelecimento
dos salários dos trabalhadores jovens sob o controle dos trabalhadores como um
todo;
Proibição
do trabalho noturno, de tarefas extasiantes, insalubres ou perigosas; controle dos trabalhadores sobre o uso do
trabalho jovem.
Igualdade Para a Juventude na Legislação Social
V) Para que tomem a defesa
de suas demandas em suas próprias mãos, os trabalhadores jovens devem ter o
direito de escolher seus próprios delegados,
cujas tarefas são, sobretudo, chamar a atenção dos representantes adultos e dos
trabalhadores em geral para as demandas específicas dos jovens, para amarrar a
luta por essas demandas particulares com a luta pelas demandas gerais da classe
trabalhadora. Da mesma forma, em todos os ramos das organizações sindicais, comissões sindicais de juventude devem
ser criadas e impostas à burocracia sindical, cuja tarefa deve ser de estudar
as demandas da juventude e recrutar e educar trabalhadores jovens. A tarefa dos
Bolcheviques-Leninistas é de assumir papel de liderança na organização de tais
comissões. Para abrir as portas dos sindicatos à juventude explorada, os
Bolcheviques-Leninistas demandam o estabelecimento de quotizações reduzidas
para os trabalhadores jovens.
Nós Queremos um Emprego!
VI) Na luta contra o
desemprego, as consignas de aumentar a
idade escolar, organizar a aprendizagem,
só fazem sentido na extensão em que os gastos disso sejam pagos não pela classe
trabalhadora, mas pelos grandes capitalistas. Logo, os Bolcheviques-Leninistas
tem a tarefa de formular as demandas da juventude da classe trabalhadora nesse
campo, tais como:
Prolongamento da idade escolar para 16 anos,
com uma bolsa de apoio à família para famílias da classe trabalhadora e de pequenos
fazendeiros;
Reorganização da escola em cooperação com a
fábrica: a escola deve preparar as crianças para a vida e
para o trabalho; ela deve ligar a juventude às gerações mais velhas; daí a
demanda de controle das organizações dos trabalhadores sobre a educação
técnica;
Redução do período de aprendizagem obrigatório
para no
máximo dois anos;
Proibição de todo o trabalho não conectado à
aprendizagem;
Estabelecimento, à custa dos patrões, de escolas de aprendizes em conexão com
todos os negócios ou conjunto de negócios envolvidos em manufatura, mineração
ou comércio, com uma presença mínima de pelo menos 3 por cento do pessoal
empregado no negócio ou conjunto de negócios;
Escolha dos instrutores pelos sindicatos;
Controle dessas escolas por comissões mistas de
delegados trabalhadores e delegados dos próprios aprendizes.
Nós Exigimos o Direito a Viver!
VII) A tarefa de salvar a juventude desempregada da
miséria, do desespero, e da demagogia fascista, de coloca-los de volta na
produção e, consequentemente, liga-los de perto com a classe trabalhadora, é
uma tarefa vital para o futuro do proletariado. Os revolucionários devem lutar
para forçar o capitalismo a (a) tomar a tarefa de retornar ao trabalho
produtivo a juventude desempregada, através da organização de ensino e
orientação técnica; (b) colocar a juventude desempregada de volta à atividade
produtiva imediatamente; (c) organizar tal tarefa, não de acordo com métodos
semimilitares, mas na base de salários regulares: abaixo os campos de trabalho, sejam eles voluntários ou
obrigatórios!; (d) fornecer à juventude que ele está jogando à miséria os meios
necessários para viver. Consequentemente, os Bolcheviques-Leninistas levantam
as seguintes demandas:
Seguro-desemprego equivalente ao dos adultos para todos os jovens desempregados, manual ou
intelectualmente, imediatamente ao fim da escola;
Forçar os
grandes patrões a abrirem centros de reeducação técnica sob controle dos
trabalhadores;
Reeducação
técnica organizada de acordo com as necessidades da produção, sob o controle
geral dos sindicatos e dos congressos de delegados trabalhadores;
Reabertura das fábricas falidas;
Início de
trabalhos públicos de larga escala (hospitais, escolas, projetos de moradia
popular, campos de esportes, estádios, piscinas, estações de energia elétrica),
pagos de acordo com as escalas sindicais e sob controle dos trabalhadores de
cima abaixo.
Pelos Nossos Irmãos no Campo!
VIII) A miséria da juventude no campo não é menor
que a da juventude na indústria. Para a juventude do campo os Bolcheviques-Leninistas
formulam as seguintes demandas gerais:
Estrita aplicação
de todas as leis e medida sociais acima citadas no campo tal qual na cidade;
Supressão
da exploração doméstica de
crianças jovens;
Estrita aplicação particularmente do princípio:
“Igual salário para igual trabalho”;
Organização distrital [municipal] da educação
técnica à custa do grande capital financeiro dos donos de terras;
Alimentação e moradia saudáveis para os jovens
trabalhadores do campo morando nas dependências dos patrões;
Crédito barato para pequenos fazendeiros, e
especialmente para pequenos fazendeiros com responsabilidades familiares.
Pelo Nosso Campo
IX) A juventude na indústria e no campo são as
partes mais exploradas de toda a juventude da classe trabalhadora. As organizações
de juventude da Quarta Internacional devem prestar atenção especial às
seguintes demandas:
Estrita aplicação do princípio: “Igual salário para
igual trabalho!”;
Um dia livre extra por mês;
Direito à maternidade voluntária;
Licença-maternidade de seis meses;
Subsídio-maternidade para as mães jovens.
Abram as Escolas e as Universidades!
X) Uma das condições necessárias ao progresso da
humanidade é que largas camadas da juventude da classe trabalhadora devam ter
acesso à cultura e à ciência. Os Bolcheviques-Leninistas levantam as seguintes consignas:
Abram as escolas e as universidades para todos os
jovens que queiram estudar;
Educação gratuita e suporte aos filhos e filhas dos
trabalhadores do campo e da cidade.
Pão, Livros, e Direitos Civis Para os Trabalhadores
Imigrantes!
XI) Em países coloniais e
semicoloniais, a juventude trabalhadora é vítima de uma dupla exploração –
capitalista e patriarcal. Nesses e nos países imperialistas, a defesa das
demandas dos jovens trabalhadores e camponeses coloniais é a primeira tarefa na
luta contra o imperialismo. Essa luta é levada adiante através da seguinte
consigna: Pelos mesmos direitos para a
juventude colonial tal qual para a juventude das metrópoles imperialistas.
Organização da higiene e
cuidados similares em todos os vilarejos;
Organização de moradias para os trabalhadores
jovens, camponeses e “coolies” [imigrantes], sob o controle de organizações
operárias e nacionalistas;
Escolas para as crianças
nativas; ensino na língua nativa;
Abrir a administração
para a língua nativa;
Abrir a administração para
intelectuais nativos;
Tomar os créditos
financeiros necessários do orçamento para guerra, da polícia e dos privilégios
imperialistas.
XII) A burguesia reconhece o
direito da juventude trabalhadora de ser explorada; mas recusa a ela o direito
de dizer qualquer coisa sobre essa exploração, e a priva de todos os direitos
políticos; em certos países ela até mesmo proíbe jovens abaixo de 18 anos de
ter qualquer atividade política que seja. A classe trabalhadora responde a
essas medidas dizendo: Quem quer que tenha o direito de ser explorado também
tem o direito de lutar contra o sistema que o explora. Plenos direitos
políticos para os trabalhadores e camponeses jovens!
Direito de
voto começando aos 18, tanto para eleições legislativas e municipais quanto
para eleições de delegados;
Abolição de
leis especiais que proíbem a juventude de se envolver em atividades políticas.
Nós Demandamos o Nosso Direito à
Felicidade!
XIII) A necessidade da juventude da classe
trabalhadora pelo lazer é utilizada pela burguesia ou para torna-la estúpida,
ou para fazê-la submissa à uma disciplina ainda mais rígida. A tarefa da classe
trabalhadora é de ajudar a criar uma juventude que seja forte e capaz de jogar
toda a sua força física e mental na luta contra o capitalismo; de ajudar nisso
utilizando toda forma de lazer que o capitalismo oferece para aprender a
entender o mundo melhor, no sentido de melhor poder muda-lo. Portanto, os
Bolcheviques-Leninistas demandam:
Acesso gratuito a todos os campos de esportes, estádios, museus,
bibliotecas, teatros e cinemas para todos os jovens trabalhadores e
desempregados;
A ordenação do seu lazer pelos próprios jovens desempregados;
A utilização de jovens intelectuais desempregados para a
organização de aulas e discussões, etc., sobre física, química, mecânica,
matemática, economia política, histórias do movimento operário, arte,
literatura, etc.;
O estabelecimento de casas abertas à juventude trabalhadora e
desempregada, onde os jovens possam não só ter a oportunidade de se divertir e
ser instruídos, mas também estudar por conta própria os problemas sociais que
estes encaram; essas casas devem ser geridas pela própria juventude da classe
trabalhadora sob a supervisão de organizações sindicais locais.
O
Programa Revolucionário
XIV)
A luta por essas demandas não pode ser separada da luta pelas
demandas dos trabalhadores como um todo, tanto empregados quanto desempregados.
O desaparecimento final do desemprego entre os jovens está intimamente ligado
ao desaparecimento do desemprego como um todo. A luta para aumentar a idade
escolar e por reeducação técnica compulsória está intimamente ligada com a luta
pela redução da escala de trabalho sem redução de salários. A luta para
arrancar do capitalismo aquelas reformas voltadas para o desenvolvimento de uma
consciência de classe para a juventude dos trabalhadores está intimamente
ligada com a luta pelo controle operário sobre a indústria e pelos comitês de
fábrica. A luta por trabalhos públicos está intimamente ligada com a luta pela
expropriação dos monopólios, pela nacionalização do crédito, dos bancos, e das
empresas-chave. A luta para esmagar todos os esforços de militarização está
intimamente ligada com a luta contra o desenvolvimento de tendências
autoritárias de governo e contra o fascismo, a luta pela organização de
milícias operárias. É no quadro do programa de transição da Quarta
Internacional que o presente programa deve ser desenvolvido e aplicado. É sob a bandeira da luta proletária pelo
poder que a Quarta Internacional vai conquistar as demandas da juventude
explorada.
Conferência
Mundial de Juventude da Quarta Internacional
Lausanne,
11 de setembro de 1938
Resolução Trotskista Sobre
a Juventude (1936)
Tradução
para o português realizada a partir da versão em inglês disponível em
A época do declínio imperialista não pode oferecer
nada à enorme massa de jovens proletários além do desemprego permanente, da
fome e da miséria, e, como resultado final, da destruição da vida de milhões de
jovens proletários em uma nova chacina imperialista de massas [a Guerra Mundial].
Dentro do quadro do capitalismo não há salvação para essa geração. A revolução
proletária, que sozinha, através de uma transformação política e econômica da
sociedade, é capaz de deixar a juventude satisfazer seu direito à vida em sua
plenitude, por isso mesmo é, consequentemente, não uma questão de perspectiva
distante, mas um problema imediato de vida ou morte.
O caminho
da revolução proletária, a estrada ao socialismo, é, entretanto, bloqueada
pelas políticas oportunistas e traiçoeiras da Segunda e Terceira
internacionais, que levaram o proletariado a derrota atrás de derrota, e pela
ausência de uma liderança revolucionária enraizada nas massas. Essa é a razão
básica pela qual as tremendas possibilidades revolucionárias dos anos recentes
permaneceram inutilizadas, e pela qual a energia revolucionária das massas
irrompeu várias vezes apenas para ser frustrada. Essas derrotas
desmoralizantes, além disso, tiveram o efeito de que hoje as camadas da
juventude proletária passaram a ser alienadas de sua própria classe, perderam a
fé nas revoluções e ficam de lado ou mesmo fornecem material para as tropas de
ação do fascismo, o inimigo mortal do proletariado.
As
políticas da SYI [Internacional da Juventude Socialista], a seção de juventude
da Segunda Internacional, não são menos fatais do que aquelas da própria
Segunda Internacional. A burocracia SYI continua a proclamar sua fé na Liga das
Nações (capitalistas), cujo papel lamentável tornou-se agora manifesto até
mesmo para os mais recuados dos pequeno-burgueses. A SYI não se envergonha de
chamar essa Liga das Nações prostituída a organizar a paz que é impossível em
um regime capitalista, e de defender a enganadora consigna do desarmamento, no
momento em que o rearmamento segue em um ritmo febril em todos os países,
incluindo aqueles onde a Segunda Internacional está representada no governo. A
burocracia da SYI demanda o abandono do uso da força na luta de classes (e até
mesmo da luta de classes em si) no exato momento em que a burguesia em todo
lugar está soltando suas terroristas tropas fascistas contra o movimento
operário.
Sob tais
circunstâncias um papel ainda mais pernicioso é desempenhado pelos assim
chamados líderes “de esquerda” da SYI (Godefroid, Chochoy, etc.), que hoje sob
a pressão dos enormes movimentos de massas nos países do Oeste Europeu adotaram
uma fraseologia revolucionária, mas na realidade apoiam por completo as
políticas contrarrevolucionárias dos partidos reformistas de seus países. Nas
palavras, esses líderes “de esquerda” da SYI defendem a revolução, a
insurreição armada, a transformação da guerra imperialista em guerra civil,
etc., mas ao mesmo tempo, através das suas políticas cotidianas, eles levam ou
pedem aos jovens proletários para darem sua confiança aos ministros socialistas
[socialdemocratas], que, tal qual Vandervelde, utilizam gás lacrimogênio contra
os trabalhadores em greve, ou tal qual Leon Blum, utilizam o aparato policial
burguês para perseguir os revolucionários proletários. Que as diferenças entre
os líderes “de direita” e “de esquerda” da SYI não possuam nenhum caráter
irreconciliável, mas apenas diferenças pontuais entre oportunistas de
diferentes cores nacionais, também é indicado pelo plano ridículo de Godefroid
e Cia. (hoje mais ou menos abandonado!) que dividiria a SYI entre seções
“políticas” e “culturais” e, consequentemente, estabelece as diferenças em uma
base puramente administrativa e burocrática. Para juventude proletária, não é uma
questão de trabalho “político” ou “cultural”, mas de traição social contra
revolução social, um conflito que não permite solução conciliadora. Entretanto,
isso Godefroid e Chochoy não podem admitir, pois recusam, a todo custo, romper
com os socialpatriotas [3] e
social-traidores, Vandervelde e Man, Blum e Salengro. A tarefa dos
revolucionários proletários é expor o verdadeiro papel dos líderes “de
esquerda” da SYI, que empregam uma fraseologia revolucionária, mas em última
análise encobrem com sua autoridade “revolucionária” o social patriotismo de
Blums e de Vanderveldes, a política contrarrevolucionária da Segunda
Internacional.
A
Internacional da Juventude Comunista (CYI) cujo oportunismo se revelou ao ponto
em que permite até mesmo aos “esquerdistas” da SYI de reivindicarem com
impunidade Lenin e Luxemburgo, inquestionavelmente desempenha hoje uma grande
influencia desmoralizante sobre a nova geração. A burocracia stalinista
conseguiu estrangular por completo o espírito e entusiasmo revolucionários que
animavam a CYI em seus primeiros anos. O último congresso mundial da CYI, que
ocorreu em conexão com o Sétimo Congresso Mundial da IC [Internacional
Comunista] (agosto de 1935), colocou para todas as seções a tarefa de se
“despolitizar” e construir amplas organizações de massas acima dos partidos e
acima das classes. Em outras palavras, a CYI recebeu a tarefa de levar a
juventude proletária nos países aliados à URSS (e naqueles cuja política
externa está de uma forma ou de outra direcionada contra o Japão ou a Alemanha)
a estabelecer relações amigáveis com a juventude burguesa desses países e,
assim, garantir a unidade nacional frente à guerra que se aproxima.
Na
França, onde atualmente todos os desenvolvimentos políticos assumem a forma
mais clara devido ao extraordinário acirramento dos antagonismos de classe, a
CYI levou sua sem-vergonhice ao ponto de estender sua mão de reconciliação às
organizações da juventude fascista e denunciar a guerra civil como o maior de
todos os males. A traição stalinista atinge seu clímax na organização do
“movimento mundial da juventude pela paz, pela liberdade e pelo progresso”.
Aqui os stalinistas se combinam a organizações de jovens nacionalistas e
religiosas com o propósito de construir congressos-passeatas “pela paz” (Bruxelas,
Genebra) sob a proteção dos reacionários clérigos e políticos imperialistas
falidos tais como Lorde Cecil e outros. O objetivo e o resultado desses
congressos de paz stalinistas não é a organização da paz entre os povos, que
dentro do quadro do capitalismo é simplesmente uma utopia reacionária, mas ao
contrário, a santa aliança entre as classes das nações imperialistas em que a
guerra imperialista é possível. A Internacional da Juventude Comunista, que
chegou a estar na luta contra o social imperialismo (socialismo em palavras e
imperialismo em fatos) da Segunda Internacional ao longo da última guerra
mundial, hoje se prepara para levar a nova geração proletária ao matadouro
imperialista. O movimento da juventude proletária não tem hoje pior inimigo,
dentro das suas próprias fileiras, do que o stalinismo.
De
nenhuma importância particular prática é o “Birô Internacional de Organizações
Revolucionárias da Juventude”, a seção de juventude do assim chamado “Birô de
Londres” [ou “Internacional de Londres”, “Internacional 2½”], essa réplica em
miniatura da Internacional Dois e Meio (SAP, ILP, etc.). Esse Birô de Juventude
concebe como a sua razão de ser o agir enquanto capacho do stalinismo. Em um Manifesto (conjunto) à juventude trabalhadora alemã, a seção alemã desse Birô de
Juventude (a juventude do SAP) declara que os stalinistas (que na verdade
fizeram mais pelo triunfo de Hitler do que o próprio Hitler) iluminaram
corretamente o proletariado alemão no que tange “a forma, a essência e a tarefa
do fascismo”. Quanto ao resto, as seções de juventude do Birô de Londres
participam, até aonde seus meios limitados as permitem, dos congressos de
paz-entre-classes dos stalinistas para a preparação da guerra imperialista.
A seção
de juventude da Quarta Internacional só pode ser construída na mais firme
batalha no campo da juventude proletária contra as tendências e concepções
acima descritas, que a longo prazo só podem levar a nova geração, de pés e mãos
atadas, às garras do capitalismo internacional, do fascismo e da guerra. Apenas
através de uma intransigente política revolucionária, que condene da maneira
mais firme todas as concessões aos conceitos do social-imperialismo e do
social-pacifismo, e que persiga com audácia e determinação o objetivo da
revolução proletária, irá obter sucesso em reunir novamente as massas da
juventude proletária sob a bandeira vermelha da revolução social. Apenas as
organizações da Quarta Internacional, reorganizando os revolucionários ao seu
redor, pode e irá seguir este caminho, e apenas elas obterão sucesso em
libertar a classe trabalhadora do pântano do oportunismo, da traição e da
estratégia derrotista da Segunda e Terceira Internacionais.
A
degeneração da Segunda e Terceira Internacionais resultou na exaustão em uma
extensão considerável das energias da geração proletária mais velha. A
construção da Quarta Internacional está indissoluvelmente ligada com o
despertar político da nova camada proletária e, acima de tudo, do jovem geração
proletária. É, portanto, de tremenda importância, que os quadros da Quarta
Internacional dentro do movimento da juventude proletária devam se mover
firmemente para frente. Na França e na Holanda já existem organizações jovens
independentes que são pela Quarta Internacional. Na Bélgica a ala verdadeiramente
revolucionária, que se agrupa em torno do jornal Ação Socialista Revolucionária, foi expulsa da Jovem Guarda
Socialista através da iniciativa de Vandervelde e Cia. e com a assistência
direta de Godefroid, que provou dessa forma que prefere a unidade com os
socialistas da aliança sagrada. Ela está madura para se tornar uma liga
independente. Dentro da Liga Jovem Unida da Espanha (a fusão das ligas de
juventude dos socialistas e dos stalinistas), dentro da Jovem Liga Trabalhista
Britânica, da organização polonesa “Zunkunft”, da Liga Socialista de Jovens
(Yipsels) nos Estados Unidos, na Suíça, na Áustria, no Canadá, e em diversos
outros países, existem frações, grupos e tendências pela Quarta Internacional.
Todos esses elementos do movimento da juventude proletária baseando-se na
Quarta Internacional irão, sem negligenciar as condições específicas de seus
países e de suas atividades, encontrar caminhos e maneiras de trocar e
compartilhar suas experiências, de aprender uns com os outros, e de conjuntamente
marchar em direção a novas vitórias. Rumo à construção das seções de juventude
da Quarta Internacional!
Adotada pela Pré-Conferência
da Juventude, 1º de agosto de 1936.
Notas da tradução
[1] A Liga das Nações (ou Sociedade
das Nações) foi fundada após a Primeira Guerra Mundial e dissolvida em 1942. Em
1946 seria fundada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de
preencher seu lugar.
[2] “Bolchevique-Leninistas”
era como os trotskistas se nomeavam originalmente.
[3] “Socialpatriotas” é como ficaram
conhecidos entre seus críticos aqueles Socialdemocratas que optaram por
defender sua “própria” burguesia nacional durante a Primeira Guerra Mundial.
Também chamados de “social-chauvinistas” ou “social-nacionalistas”.